A classe na mesa dos marianenses

Por Gisela Cardoso, Luciana Amorim, Patrícia Botaro, Patrícia Souza, Tatiana Ibrahim e Thamira Bastos

Frutas, legumes, verduras, carnes, grãos, cereais, biscoitos, iogurtes, refrigerantes e doces são alimentos de consumo variado de acordo com a classe social dos cidadãos marianenses. Fazer as refeições com a família reunida, comer fora de casa e os locais de compras também são fatores que se alteram de acordo com a renda. É o que se pode constatar nas entrevistas feitas com famílias de classe baixa, média e alta.  

Várias histórias foram ouvidas durante as entrevistas. Algumas delas podem ser conferidas a seguir:

A pedagoga Ana Morais deu uma aula sobre
alimentação ortomolecular. Foto: Patrícia Botaro

No ano de 2009, a saúde da pedagoga Ana Heroína Morais começou a se abalar. Ela também não estava satisfeita com o corpo. A partir disso, recorreu a um nutricionista e adotou a alimentação ortomolecular. Folhas verdes, leguminosas e alimentos integrais passaram a ser os protagonistas nas refeições da família Morais.

A pedagoga de 50 anos se preocupa bastante com a sua saúde e sua estética. Para manter a boa forma da família, Ana teve que realizar algumas substituições: apenas alimentos lights, chocolate foi trocado por cacau e a água entrou no lugar do refrigerante acompanhando as refeições. Segundo a pedagoga, somente a carne branca é permitida a entrar em sua casa, mas, mesmo assim, raramente é comprada.

Na residência da família Morais moram 3 pessoas: Ana, o  marido e o  filho. Ela também tem duas filhas que já são casadas e não moram mais com eles. Raramente a família se reúne para fazer todas as refeições do dia devido aos horários de cada membro.

Ana Heroína cozinha para toda a família, pois diz adorar culinária. A pedagoga se preocupa muito com a qualidade de vida da família, logo, investe em uma alimentação saudável. Segundo ela, é melhor investir em uma boa alimentação hoje do que ter que ir à farmácia amanhã.

Fazer as refeições fora de casa é algo totalmente fora de cogitação para a família Morais. Ana confessa que há mais tempo a família tinha esse costume de almoçar em restaurantes. Mas, devido à sua preocupação com a higiene, os restaurantes foram cortados.

"Uma coisa eu custei a enteder. O intestino é o nosso segundo cérebro. Assim que descobri isso, passei a cuidar melhor dele", revela Ana.

Doces, pães brancos, biscoitos e frituras são alimentos supérfluos.

Não há um lugar específico onde os membros da família fazem as compras, pois, segundo Ana, as compras são feitas onde ela encontra o que quer. Como na maioria das famílias marianenses de classe média, o preço das compras varia muito. Mas geralmente fica na margem de R$ 600,00.

" Eu posso tudo, porém moderado!", afirma Ana mais uma vez explicando sua preocupação com a saúde.

Assim como vários marianenses, a pedagoga Ana Heroína Morais investe profundamente em uma alimentação saudável, sempre pensando no dia de amanhã.


Frutas, legumes, carnes, arroz, ovos e feijão. Esses são os alimentos essenciais para a alimentação da família de classe média de Dona Íris da Silva.

Conversa descontraída com Dona Íris e sua filha
Adriana. Foto: Patrícia Botaro
Mesmo após a saída da filha Adriana de casa, ainda há o hábito de todos os membros da família fazerem as refeições juntos. Raramente comem fora de casa. Nos finais de semana tentam diferenciar o cardápio com uma lasanha, feijoada ou até mesmo um churrasco.

Como em outras famílias, a janta é substituída por um lanche, sendo um sanduíche de presunto ou  um simples iogurte com granola.

Dona Íris faz compras mensais, mas quando necessário, recorre às feiras e padarias, ficando com um gasto mensal de R$ 1800,00.

Sua filha Adriana gasta aproximadamente esse mesmo valor com a alimentação. Adriana é casada e possui dois filhos. Ela afirma que não só gasta para a alimentação em casa, mas como possui duas crianças, tem a necessidade de comprar as "merendas" para a hora do recreio na escola, como biscoitos, sucos e iogurtes.

A tradicional família de classe média de Dona Íris está sempre reunida, e para ela, fartura na mesa é essencial.


O outro lado da moeda

Na casa de Dona Edilene do Carmo moram seis pessoas e o gasto mensal com a alimentação fica na média de R$ 150,00.

Ainda que o gasto para a compra dos alimentos seja baixo em relação ao número de pessoas que ali moram, a família realiza as três refeições essenciais do dia: café-da-manhã, almoço e jantar.

Sendo uma família tradicional, as refeições são realizadas com todos os integrantes presentes na mesa, e se alimentar fora de casa não é um costume.

O consumo de frutas, legumes e verduras é raro. Refrigerantes, biscoitos e outros supérfluos também não são comprados com frequência, já que, como mencionado anteriormente, o gasto mensal com a alimentação é baixo em relação ao tamanho da família. Para Edilene, arroz com feijão na mesa já é o suficiente.


Entrevistas no bairro Prainha. Foto: Thamira Bastos
Na casa de Marilda de Fátima moram seis pessoas e o gasto mensal com a alimentação da família gira em torno de R$ 350,00. As refeições diárias são café da manhã, almoço, lanche da tarde e janta. No café da manhã não é todo dia que tem pão: se falta dinheiro, tomam só o café puro.

O almoço geralmente é simples: arroz e feijão. Só se compra carne quando sobra dinheiro no fim do mês, e segundo Marilda,  a quantidade que é comprada não dura nem duas semanas. É muito raro consumirem verduras e legumes. No jantar, a família costuma esquentar o que sobrou do almoço.

As refeições são todas feitas em casa, mas dificilmente a família se reúne na hora de comer, pois os horários e a rotina de cada integrante são diferentes.

As compras sempre são feitas no Supermercado Eldorado e coisas supérfluas como chocolate e refrigerante não entram na lista.


De acordo com as histórias relatadas entre as classes sociais da cidade mineira de Mariana, pode-se constatar que a alimentação e a maneira com que ela é feita varia em todos os âmbitos. Logo, o que é consumido por uma família de classe média alta se diferencia no que é gasto no consumo e na forma de alimentação de famílias de outras classes.


Grupo 2. Edição de texto: Gisela Cardoso, Luciana Amorim e Tatiana Ibrahim. Fotos: Patrícia Botaro e Patrícia Souza. Vídeo e Making off: Thamira Bastos.

Assita ao making off dessa matéria.

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